Quem trabalha no modelo home office sabe que nem sempre dá para separar a rotina profissional da pessoal. Essa separação, aliás, já era difícil de se fazer mesmo antes da pandemia. Para Dr. João Fruet, médico psiquiatra com orientação psicanalítica, não existe separação exata entre “razão” e “sensibilidade”:

“Devemos imaginar nosso interior como um templo, onde chegam pensamentos bons e ruins. Cabe a cada sujeito filtrar e alimentar os pensamentos bons, assim como deletamos do computador aquilo que não desejamos. Com relação à resolução dos problemas que surgem, há uma questão lógica, que é singular no tempo de ver, compreender e concluir. Isso é distinto de uma pessoa para outra, umas demoram mais, outras menos.”

Nesse processo de compreensão do problema, o médico alerta que é preciso cuidar com o autojulgamento. Sobretudo em momentos atípicos como o que estamos vivendo, se cobrar demais pode tornar qualquer pedra de tropeço uma avalanche. E não esqueça: se o mal-estar persiste, perdura e se repete, pode ser a hora de procurar ajuda profissional. Não descarte a busca por uma terapia.



Por onde começar?

É de manhã cedo, o despertador toca. Você abre os olhos e sente que a noite passou em cinco minutos. Lá se foi o final de semana; é segunda e você tem que começar tudo de novo. Levanta, começa a dar conta das tarefas do dia e parte rumo ao escritório. Abre e-mails, passa o café, coloca a roupa na máquina, entra em reunião. Tudo sem sair de casa, é claro.

Para afastar a sensação de que “todos os dias são iguais” e que “tudo é a mesma coisa”, Dr. Fruet sugere começar pela principal refeição do dia: invista em um bom café da manhã. Muitas vezes, o mal-estar e a sonolência estão ligados à má alimentação.

“A digestão começa pelos olhos. Precisamos saborear melhor os pequenos momentos da vida. Isso também é investir em autoestima!”, assinala Fruet.

Nesse sentido, realizar as tarefas de maneiras diferentes, pensando em como variar o dia a dia e reservando um período para a descontração, pode ajudar a vivenciar melhor a semana. O ambiente de casa deve o mais agradável possível. Depois do trabalho, por exemplo, que tal juntar a família para uma sessão de cinema na sala?

1. Delimite um espaço

O trabalho virtual tem a mesma importância, sentido e significado do trabalho presencial. Para facilitar essa compreensão, busque organizar seu próprio espaço. Por mais que dê vontade, evite passar o dia de pijama, por exemplo. O ato de se arrumar para trabalhar, ainda que ninguém veja, auxilia na postura. E é essa postura que faz com que o cérebro visualize melhor o que é o horário de trabalho e o que é o horário de lazer.

Além disso, as pessoas que dividem o espaço com você não têm como saber como funciona sua agenda o tempo todo. Por isso, avise quando vai entrar em reuniões, quando precisa de silêncio e assim por diante. A boa comunicação contribui para a compreensão de quem está ao seu redor.

2. Mantenha os vínculos sociais

Na rotina presencial, os intervalos são o momento de troca de ideias e interação social. Esse contato com os outros é o que nos permite pesquisar novas soluções, participar da vida dos colegas e, acima de tudo, compartilhar alegrias e dificuldades. Na modalidade remota, o que nos resta é a interação virtual que, como o Dr. Fruet lembra, não é como a real, mas é a que temos acesso no momento.

Conforme o psiquiatra, o sentido da palavra virtual vem do latim medieval virtualis, que quer dizer força e potência. Pensando assim, a ideia do virtual é justamente imprimir toda a motivação possível no trabalho remoto. A situação pode piorar quando tudo que se produz é colocado sob um ângulo negativo e não se consegue nem compartilhar as dificuldades com colegas ou familiares. Daí a importância de dividir as angústias. Contar alivia!

“A gente precisa, nesse momento, usar de toda a criatividade possível para que o trabalho seja um momento prazeroso. Todo trabalho traz duas questões: momentos de sofrimento e momentos de prazer. Faz parte da vida essa gangorra. Todo trabalho, mesmo on-line, exige um trabalho mental da pessoa. Ela vai se angustiar, ter momentos de sofrimento, mas, se estiver com uma boa autoestima e se sentir acolhida no ambiente de trabalho, vai atravessar essa dificuldade.”

3. Exercite-se

A prática de movimentar o corpo libera endorfinas, que beneficiam a melhora tanto física quanto mental, como explica Dr. Fruet. No horário de trabalho, você não precisa de muito tempo: basta levantar da cadeira, dar alguns passos ou fazer um alongamento rápido. Fora dele, acostume-se a abrir um espaço na agenda para a prática. Vale correr, dançar, pedalar, o que for. O importante é se mexer.

4. Errar faz parte

Todo mundo se equivoca de vez em quando. Acontece que manter o bom humor aumenta nossa tolerância sobre a frustração e possibilita seguir o dia a dia com leveza, mesmo quando as coisas dão errado. Desfazer-se do peso imposto pelas cobranças no home office é essencial para levar os dias com mais positividade, o que potencializa o aprendizado.

“É com o erro que aprendemos a crescer. Errar não significa fracassar, mas, sim, nos conduz a agir de novo para realizar algo melhor.”

5. Invista nos prazeres simples

Qual foi a última vez que você degustou um chocolate? Lembra como foi o último pôr do sol? Vivenciar esses momentos ajuda a dar significado aos dias de home office. Dr. Fruet também afirma que trabalhar a fé, seja em si mesmo ou em alguma crença espiritual, é crucial para nos mantermos em pé.

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