Você sabia que, até o final de agosto deste ano, foram realizados 474 transplantes de órgãos e 884 de tecidos no Rio Grande do Sul? Esses números, divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde, evidenciam não apenas a importância da doação de órgãos para salvar vidas, mas também a necessidade de uma maior conscientização quanto ao processo e à possibilidade de doação. Uma vez que, apesar das inúmeras campanhas realizadas, a lista de espera por um órgão contava, em agosto, com pelo menos 2.877 pessoas ativas aguardando por essa oportunidade.

 

Quer saber como você pode ser um doador e como funciona o processo? Confira a seguir tudo o que você precisa saber sobre esse gesto de carinho e generosidade.

 

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Como funciona a doação de órgãos no Brasil

A doação de órgãos no Brasil é um processo altamente organizado e regulamentado. A lista de espera é nacional e vale tanto para pacientes do SUS quanto da rede privada, priorizando os pacientes de acordo com a gravidade de sua situação. Além disso, os critérios para a escolha do receptor são regionais. Por exemplo, se um órgão fica disponível no Rio Grande do Sul, a prioridade é para um paciente do próprio estado ou de localidades próximas. Somente quando não há receptores potenciais na região é que o órgão é disponibilizado para a lista nacional. Para que a doação seja realizada com sucesso, alguns critérios são utilizados: compatibilidade sanguínea, antropométrica (medidas do corpo) ou compatibilidade genética, nos casos em que é necessária.

 

Como se tornar um doador de órgãos

Você pode se tornar um doador de órgãos a qualquer momento da sua vida. Não é preciso deixar nada por escrito, sendo necessário apenas conversar com sua família sobre o seu desejo de ser um doador. Quando chegar o momento certo, eles serão responsáveis por tomar a decisão, pois a doação só pode ocorrer após a autorização dos familiares.

 

Existem dois tipos de doadores: os doadores vivos e os doadores falecidos. Os doadores vivos são pessoas saudáveis que desejam doar um rim, parte do fígado, do pulmão ou medula óssea, desde que isso não prejudique a sua qualidade de vida.

 

A lei permite essa forma de doação (em vida) apenas para parentes até o quarto grau (avós, pais, irmãos, tios, sobrinhos, primos e netos) e cônjuges. Para doar para não parentes, é necessária autorização judicial.

 

Já os doadores falecidos são pessoas que tiveram morte encefálica comprovada. Nesses casos, eles podem ser doadores de órgãos e tecidos, enquanto vítimas de parada cardíaca, por sua vez, podem doar apenas tecidos.

 

A segurança do diagnóstico de morte encefálica

É natural que a família, ou até mesmo o próprio paciente, tenha preocupações sobre a segurança do diagnóstico de morte encefálica. No entanto, o Conselho Federal de Medicina regulamenta todo o processo por meio de um rigoroso protocolo que exige a realização de duas avaliações clínicas por médicos diferentes, além de um exame comprobatório. Isso garante que a morte encefálica seja identificada com precisão.

 

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Quais órgãos podem ser doados?

A doação de órgãos pode salvar inúmeras vidas, uma vez que um único doador pode contribuir com o coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córneas, vasos sanguíneos, ossos, pele, válvulas cardíacas e tendões. Além disso, órgãos duplos, como um rim, e partes de órgãos, como fígado, pâncreas ou pulmão, também podem ser doados em vida.

 

Saiba quais doenças que impedem a doação

Outra dúvida comum que muitas famílias e doadores têm diz respeito às doenças que impedem a doação de órgãos. De modo geral, existem algumas condições médicas que, sim, inviabilizam a doação, como insuficiência renal grave, insuficiência do fígado, coração ou pulmões, câncer com metástase e doenças infecciosas e transmissíveis, como HIV, hepatite B, C ou doença de Chagas, por exemplo. Além disso, em casos de infecções graves por bactérias ou vírus que afetam a corrente sanguínea, a doação de órgãos também é contraindicada.

 

De qualquer forma, considerar a possibilidade de se tornar um doador é sempre válida, já que você trará esperança a milhares de pessoas na fila de espera por uma oportunidade. Por isso, converse com a sua família e deixe clara a sua vontade de ser um doador.